Quando surgem pesquisas referentes ao governo, ou a tudo que está interligado a essa temática, elas são essenciais para compreender em que direção estamos seguindo. E alguns dados recentes atraem a atenção. Primeiro de que, 75% dos brasileiros apoiam ao regime democrático, e isso é muito bom, uma sinalização de que por mais, que fomentem uma atmosfera de autoritarismo, de recrudescimento da violência estatal, da militarização da política, uma fração representativa dos brasileiros, preferem a liberdade, o direito de expressão. Mas um outro aspecto também é salutar, de que um pouco mais de 50% dos concidadãos, consideram-se conservadores e de direita, e que, os que pertencem às fileiras progressistas, não correspondem a trinta por cento, uma constatação preocupante. Em 2003, quando instaurou-se um governo de esquerda, cujo plano governamental estava calcado em programas, que possibilitaram uma ascendência de classe, seja por intermédio da educação, com o ingresso de jovens oriundos de estratos sociais estigmatizados em universidades, ou por uma distribuição de renda, como o bolsa família. Não imaginava-se que, em 2019, veríamos um governo de direita, conservador, caçador dos direitos sociais, que tenciona implementar um regime econômico, que somente traz benefícios aos privilegiados, assumir o poder. A interpelação a ser feita é, o que modificou-se na percepção desse nosso povo? Como uma pessoa que lida com informação, eu apontaria aqui, o exímio trabalho que a imprensa exercera, no decurso dos últimos anos, pois em boa parte, servira para carcomir, a áurea que a esquerda carregava, de ser àquela que estava sempre disposta a assumir esse papel, de trazer uma equidade para o nosso país. Com a espetacularização da operação lava-jato, com toda a seletividade praticada, em que somente eram encontrados ilicitudes, correlatas ao partido hegemônico, o PT, e também a sua paulatina demonização, que ao ser denominado como o partido mais corrupto, acabou fazendo, com que fosse disseminado para todas as correntes progressistas, que hoje, buscam desconchavar-se dessa imagem perpetrada, para manterem-se competitivos, no cenário político que avizinha-se. Será um trabalho exaustivo, de recuperação de um patrimônio, que fora de maneira deletéria, desconstruído em todas as suas ideais. Para erigir uma edificação, principia-se na base o seu projeto, e são nas grandes comunidades do nosso país, que se devem estacar, as pilastras que manterão em pé, essa estrutura, com os mais carentes e vulneráveis, que são os que sofrem as agruras do cotidiano. O discurso de um país justo e igualitário, deve espraiar-se por todos os rincões, senão, iremos atestar, cada vez mais, um conservadorismo desmedido, tornando-se a tônica do debate. E o que não lhes faltam são labutadores disponíveis, basta vermos, o que muitas igrejas transformaram-se no Brasil. É uma missão árdua, mas necessária para mudarmos o percurso de nossa nação.