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Coluna de Marcos Roberto: O futuro não pode replicar o passado
06/05/2020 17:47 em Colunas

Esse ano, o Brasil celebrará quinhentos e vinte anos de quando os portugueses, tendo como seu vanguardista, Pedro Álvares Cabral, aportaram por nossas terras, um fato muito interessante, devido aos fenômenos que decorreram desse momento. Hoje estamos a vivenciar um instante peculiar, com muitos que vivem, nessa vulnerável democracia, desejam quase que desesperadamente, regressarmos a um regime ditatorial, sendo que muitos dos que o pedem, não estiveram nas etapas em que o país tinha esse tipo de governo. Mas, ao analisarmos a história de nossa nação, detectamos que um patamar, onde as pessoas são livres para expressarem os vossos pensamentos, com a imprensa não estando subjugada a uma autoridade máxima, a indústria fonográfica podendo espargir, nos mais diversos ritmos, letras consideradas grotescas por muitos, por todos os cantos, sendo o voto, a principal ferramenta para manutenção dessa estrutura, carcomida é verdade, mas que ainda, garante-nos essa representatividade, é uma excepcionalidade, o ritmo normal, são os governos, onde a subserviência de toda a população é o limiar mínimo, utilizando-se do aparato legal de segurança, para a sustentação dessa famigerada edificação. O Brasil foi descoberto pelos portugueses em 1500, apesar de os índios, já estarem residindo nesse pedaço de continente, tornamo-nos uma colônia, fomos explorados, e aqui, com a chegada da família imperial, configurou-se como uma sede governamental. Dom João VI, retornou posteriormente para Portugal, e em 1822, Dom Pedro proclama a independência, mas continuaríamos a ter um tutor, o rei, tivemos com isso o primeiro reinado com Dom Pedro, o segundo reinado com o seu filho Dom Pedro II, tendo como apoiador a igreja, e somente em 1889, é que alcançaríamos a República, com a deposição do reinado e a chegada de Marechal Deodoro da Fonseca a presidência, principiando-se com ele, mesmo não sendo escolhido pelo povo, um período democrático. Mas como essa donzela, a democracia, é uma jovem, cujo a proteção, está a tempo inteiro descuidada, a sua vigência não perdurou por muito tempo, em 1930, o gaúcho Getúlio Vargas, com o apoio do exército, apoderasse provisoriamente do poder, desfechando aquilo que conhecemos como a república velha, com a saída de Washington Luiz, Vargas permanece provisoriamente no cargo até 1934, quando aprovasse uma nova constituição, fora eleito pela assembleia de congressistas eleitos democraticamente em 34, e como governante, Getúlio instaura em 1937, um novo golpe, o estado novo, findado apenas em 1945, quando o país volta a respirar ares libertários, mas isso, no Brasil, não tem uma durabilidade convivente. Vieram Dutra, Café Filho, Juscelino, Jânio e Goulart, até que em 1964, uma nova insurgência militar, surrupiaria da nação o status de país livre. Com a chegada de Castelo Branco, iniciasse uma página sangrenta de nossa historicidade, com mortes, desaparecimentos, exílio aos inimigos, e 21 anos de liberdade suprimida, em nome de um ideal equivocado, livrar-nos da ameaça comunista, muito similar aos tempos contemporâneos de hoje. Somente em 1985, é que, depois de embates frequentes contra o autoritarismo, observaríamos um presidente civil, decidindo os rumos dessa nau brasileira. Portanto meus caros, não contabilizamos, sequer, um século de democracia, e hoje, nunca estivemos tão próximos de perdê-la novamente, que todos possamos imbuir-se de um espírito republicano, e fazer com que essas forças maléficas retrocedam em seus desígnios, para que a geração conseguinte, possa zelar por uma coletividade desvanecido de interesses predatórios, e que tem apenas como intuito, locupletar-se da máquina pública, a custo de violência e sangue.

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